A REDE AFROAMBIENTAL - redeafroambiental.org

QUEM SOMOS?

A Rede Afroambiental nasceu no contexto da ECO 92, no Rio de Janeiro, criada pela yalorixá e líder espiritual Mãe Beata de Yemanjá, em parceria com seu filho e herdeiro de sua missão, o Mestre Aderbal Ashogun. Desde sua origem, a Rede propõe uma visão ancestral da Terra como um ser vivo — a grande mãe — que deve ser cuidada e respeitada para garantir a continuidade da vida.

A partir desse princípio, a Rede se consolidou como um movimento vivo de comunidades tradicionais que entrelaça ecologia, cultura e saberes ancestrais transmitidos por mestres e mestras de diferentes gerações. Atuamos com base em tecnologias sociais alimentadas pela ancestralidade, numa prática intergeracional que traduz o passado em ação contemporânea.

Desde sua fundação, a Rede integra a Lei Cultura Viva, sendo referência na articulação entre os Pontos de Cultura e os Povos Tradicionais, especialmente os Povos de Terreiro. Temos sido protagonistas na consolidação de importantes marcos legais, como as Leis 10.639/2003 e 11.645/2008, que tornam obrigatória a inclusão da História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena na educação formal, além da Lei dos Mestres e Mestras.

Nossa atuação defende a cultura como quarto pilar da educação, e se desdobra em ações de fortalecimento da cidadania cultural, com proposições, monitoramento e participação ativa nas políticas públicas voltadas à diversidade e aos direitos humanos.

A Rede Afroambiental está presente nas cinco regiões do Brasil, no Distrito Federal, em países da América Latina e da Europa. Por meio de uma sólida troca de tecnologias sociais com programas como Cultura Viva, Ibercultura Viva e Cultura Viva Comunitária, estabelecemos parcerias com mais de 15 mil iniciativas culturais em toda a América Latina, Caribe, América Central e Europa. Atualmente, ampliamos nossa articulação para o universo lusófono, fortalecendo redes de desenvolvimento cultural entre povos que compartilham línguas e heranças comuns.

Com trajetórias marcadas pela resistência, espiritualidade e inovação, somos um coletivo que atua na defesa do meio ambiente, da liberdade religiosa, da justiça climática e dos direitos das minorias, fazendo da cultura e da ancestralidade instrumentos de transformação.

DIRETRIZES

MISSÃO

A missão da Rede Afroambiental é articular, fortalecer e visibilizar os saberes, práticas e tecnologias ancestrais de comunidades tradicionais, em especial os Povos de Terreiro, promovendo justiça socioambiental, liberdade religiosa, cultura viva, educação intergeracional e proteção da Mãe Terra.

Inspirada pelos ensinamentos de Mãe Beata de Yemanjá e conduzida pela liderança de Mestre Aderbal Ashogun, a Rede atua como ponte entre tradição e contemporaneidade, conectando espiritualidade, ecologia e cultura como eixos de transformação social.

Por meio de ações territoriais, articulações políticas e cooperação em rede, buscamos promover o reconhecimento dos direitos dos povos tradicionais, consolidar políticas públicas inclusivas e construir um futuro de equilíbrio entre humanidade e natureza, fundamentado na diversidade, na dignidade e no respeito à vida.

VISÃO

A Rede Afroambiental sonha e constrói um mundo em que os saberes ancestrais, a espiritualidade dos povos tradicionais e a cultura viva sejam reconhecidos como fundamentos para a regeneração do planeta e para a construção de sociedades mais justas, diversas e sustentáveis.

Visamos uma realidade em que a ancestralidade seja valorizada como ciência da vida, em que a Terra seja respeitada como mãe sagrada, e em que todas as formas de existência possam florescer em equilíbrio, liberdade e dignidade.

Acreditamos no conhecimento transmitido pela oralidade, no ensinamento de corpo presente, passado de geração em geração, especialmente dos mais velhos aos mais novos, onde os mais velhos são honrados como fontes indispensáveis de sabedoria e conhecimento. Quando um ancião ou anciã se encanta, não perdemos apenas uma vida, mas uma enciclopédia ancestral. Nossa visão inclui a proteção, a escuta e o reconhecimento desses guardiões da memória como fonte essencial para a preservação de culturas e territórios.

Queremos ser referência no enfrentamento das crises climáticas e das desigualdades sociais por meio de Soluções Baseadas na Natureza, da educação cultural e intergeracional, e da articulação de redes comunitárias no Brasil e no mundo lusófono, latino-americano e afro-diaspórico.

Nosso horizonte é um futuro no qual a cultura, a ecologia e a ancestralidade caminhem juntas, sustentadas pela força dos terreiros, das florestas, das águas e das memórias vivas de nossos ancestrais.

VALORES

1. Ancestralidade Viva

Acreditamos na força dos saberes ancestrais como guias para a construção de futuros sustentáveis e justos. A espiritualidade, os rituais, os ensinamentos de mestres e mestras e a conexão com a natureza são a base de nossas ações e tecnologias sociais.

2. Cuidado com a Mãe Terra

Defendemos a Terra como um ser vivo, sagrado e ancestral, que deve ser respeitado e protegido. Nossa atuação ecológica é espiritual, comunitária e política, e busca restaurar a harmonia entre os seres humanos e o planeta.

3. Intergeracionalidade e Educação

Valorizamos o diálogo entre gerações como forma de transmissão de saberes e fortalecimento das identidades culturais. Reconhecemos a cultura como um quarto pilar da educação, essencial para a formação de cidadãos conscientes e atuantes.

4. Justiça Climática e Socioambiental

Lutamos por equidade nas relações com o meio ambiente, reconhecendo que povos tradicionais, periféricos e racializados são os mais afetados pelas mudanças climáticas e pelas injustiças ambientais.

5. Liberdade Religiosa e Diversidade de Saberes

Defendemos o direito à liberdade de crença, expressão e espiritualidade. A diversidade de cosmovisões, especialmente as de matriz africana e indígena, é para nós uma fonte legítima e potente de conhecimento e transformação.

6. Cultura como Direito e Potência de Vida

A cultura é para nós uma expressão da vida em comunidade, um direito fundamental e um instrumento de emancipação social. Atuamos para fortalecer as políticas públicas culturais e democratizar o acesso aos meios de criação e expressão.

7. Autonomia e Cooperação Comunitária

Apoiamos o protagonismo das comunidades e redes locais na gestão de seus territórios e saberes. Nossas ações são guiadas por princípios de cooperação, solidariedade e construção coletiva.

8. Resistência e Inovação Popular

Resistimos às opressões históricas com criatividade, memória e afeto. Inovamos a partir das margens, recriando o mundo com os instrumentos que herdamos e reinventamos com nossos próprios pés, mãos e orí.águas e das memórias vivas de nossos ancestrais.